Cavalos-marinhos londrinos
Quando você pensa em Londres, capital da Inglaterra, você espera encontrar o Big Ben, cabines vermelhas, ônibus de dois andares e...cavalos-marinhos? Uma gigantesca metrópole não é o lugar mais imaginado para buscar animais selvagens, mas a vida encontra seu jeito até mesmo nas grandes cidades.
No meio da cidade de Londres corre o rio Tâmisa. Ele é um motivo de orgulho para a cidade, mas nem sempre foi assim. A água do Tâmisa deixou de ser potável em 1610. Em 1858, parlamentares interromperam a sessão por causa do mau cheiro do rio. O episódio do "grande fedor" gerou um avanço nas medidas de limpeza do rio que sofria com crises de cólera. Mas limpar rios urbanos são um constante desafio. O rio foi considerado biologicamente morto por volta de 1950. Grandes cidades passam por problemas parecidos. No Brasil, os rios Tietê e Pinheiros são igualmente poluídos em São Paulo e um símbolo de um rio que nasce limpo e "morre" nas cidades.
Mas é possível ressuscitar um rio? O esforço no Tâmisa foi incrível e contínuo. Várias ONGs realizam projetos e o apoio estatal é forte para salvar um símbolo nacional. Não só a joia da coroa não combinam com o cheiro de esgoto, como é um caso de saúde pública. Com o esforço a água ficou mais limpa. A fauna e flora reocupou seu espaço. Já foram avistados até golfinhos, mas surpreendente um cavalo-marinho foi coletado em plena cidade! O cavalo-marinho que está no escudo do time de futebol de Newcastle não era associado ao rio. Indivíduos de cavalo-marinho-de-focinho-curto (Hippocampus hippocampus) foram coletados em Greenwich, bairro de Londres que dá nome ao paralelo 0° que divide o mundo em Oeste e Leste. Cavalos-marinhos são bons indicativos de águas não poluídas.
Este fato ajuda-nos a lembrar a importância da conservação, mesmo em áreas em que ninguém mais espera nada. Também é uma recordação para a resiliência da fauna. Espécies podem sobreviver (até certos limites) e retornar a lugares de distribuição original com medidas de conservação. Outro tópico que o cavalo-marinho do Tâmisa recorda é a existência de vida selvagem urbana. Cidades embora sejam "domínio urbano" ainda abriga diversas espécies nativas que se adaptaram ou importadas por humanos. Não há só pombas e ratos. Se você observar há diversos insetos nativos polinizando seu jardim, passarinhos locais nos fios de postes e, dependendo da cidade, a diversidade pode ser maior que diversos países!
Entretanto, a situação ainda é grave. Embora haja um esforço dos indivíduos para a sua manutenção, muitos esforços são necessários para tornar o nosso mundo hoje mais parecido com o mundo em que estas espécies habitavam antes da nossa chegada. Podemos ainda fazer a diferença para muitas espécies. Quem sabe o que poderemos ter na nossa vizinhança?